Soneto por encomenda
(Lope de Vega,(poeta espanhol nascido no século XVII)
Un soneto me manda hacer Violante, Um soneto manda-me fazer Violante
que en mi vida me he visto en tal aprieto; e em minha nunca me vi em tal aperto
catorce versos dicen que es soneto: catorze versos dizem que é soneto:
burla burlando van los tres delante. brinca, brincando vão os tres adiante.
Yo pensé que no hallara consonante Pensei que não acharia consoante
y estoy a la mitad de otro cuarteto; e já estou na metade de outro quarteto
mas si me veo en el primer terceto se me vejo no primeiro terceto
no hay cosa en los cuartetos que me espante. não há coisa nos quartetos que espante.
Por el primer terceto voy entrando No primeiro terceto vou entrando
y parece que entré con pie derecho, e parece que entro com pé direito
pues fin con este verso le voy dando. pois fim com esse verso lhe vou dando
Ya estoy en el segundo, y aún sospecho Já estou no segundo e ainda suspeito
que voy los trece versos acabando; que vou os treze versos acabando;
contad si son catorce, y está hecho. Contai se são catorze, e já está feito.
Soneto
(Gregório de Matos , poeta satírico brasileiro,1623-1696)
Um soneto começo em vosso gabo;
Contemos esta regra por primeira,
Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.
Na quinta torce agora a porca o rabo:
A sexta vá também desta maneira,
na sétima entro já com grã canseira,
E saio dos quartetos muito brabo.
Agora nos tercetos que direi?
Direi, que vós, Senhor, a mim me honrais,
Gabando-vos a vós, e eu fico um Rei.
Nesta vida um soneto já ditei,
Se desta agora escapo, nunca mais;
Louvado seja Deus, que o acabei.
SONETO 233 SONETADO
(Glauco Mattoso, poeta brasileiro)
Já li Lope de Vega e li Gregório,
pois ambos sonetaram do soneto,
seara na qual minha foice meto,
tentando fazer algo meritório.
Não quero usar o mesmo palavrório,
mas pilho-me, no meio do quarteto,
montando a anatomia do esqueleto.
No oitavo verso, o alívio é provisório.
Contagem regressiva: faltam cinco.
Mais quatro, e fico livre do problema.
Agora faltam três... Deus, dai-me afinco!
Com dois acabo a porra do poema.
Caralho! Só mais um! Até já brinco!
Gozei! Matei a pau! Que puta tema!
Já li Lope de Vega e li Gregório,
pois ambos sonetaram do soneto,
seara na qual minha foice meto,
tentando fazer algo meritório.
Não quero usar o mesmo palavrório,
mas pilho-me, no meio do quarteto,
montando a anatomia do esqueleto.
No oitavo verso, o alívio é provisório.
Contagem regressiva: faltam cinco.
Mais quatro, e fico livre do problema.
Agora faltam três... Deus, dai-me afinco!
Com dois acabo a porra do poema.
Caralho! Só mais um! Até já brinco!
Gozei! Matei a pau! Que puta tema!
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