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quarta-feira, 6 de junho de 2012
Literatura - Camões plagiou Petrarca?
Camões plagiou Petrarca?
Alguns afirmam que o famoso soneto "Alma minha"(Soneto 19) de Camões é um plágio do Soneto 31 de Petrarca, pois as primeiras estrofes dos dois poemas são praticamente identicas como se pode ver abaixo.
Camões nasceu e morreu no século XVI (dois séculos após Petrarca) e teve acesso às obras deste último e de outros também, claro.
Acredito mais numa homenagem de Camões a Petrarca e não em plágio, pois observem que as demais estrofes não tem nada de semelhantes.
Bem, leiam os dois poemas e tirem suas conclusões.
Soneto 31 de Petrarca
Questa anima gentil che si diparte,
anzi tempo chiamata a l'altra vita,
se lassuso è quanto esser dê gradita,
terrà del ciel la piú beata parte.
S'ella riman fra 'l terzo lume et Marte,
fia la vista del sole scolorita,
poi ch'a mirar sua bellezza infinita
l'anime degne intorno a lei fien sparte.
Se si posasse sotto al quarto nido,
ciascuna de le tre saria men bella,
et essa sola avria la fama e 'l grido;
nel quinto giro non habitrebbe ella;
ma se vola piú alto, assai mi fido
che con Giove sia vinta ogni altra stella.
(tradução livre)
Esta alma gentil que partiu,
antes do tempo, chamada à outra vida,
terá no céu segura acolhida
terá do céu a mais beata parte.
Se ela ficar entre a terceira luz e Marte,
será a vista do sol descolorida
depois virá, toda alma ao céu subida
em torno dela olhar sua beleza infinita
Se pousar abaixo do quarto ninho,
nenhuma das três será mais bela,
que esta só, espalhada a fama e o grito;
No quinto giro não chegara ela;
mas se voar mais alto, em muito confio
ser vencido Júpiter e cada outra estrela.
SONETO 19 de Camões
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor, que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te;
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
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