São sete horas da manhã. Pego uma xícara de café, entro em minha sala, sento-me e abro o jornal. De início leio apenas as manchetes para selecionar o que interessa de verdade. Enquanto passo as folhas noto um pequeno vulto na porta. Finjo que não é nada.
O vulto dá um passo e entra na sala. Continuo fingindo nada ver. Noto, de esguelha, que o vulto começa a ficar meio inquieto. A cada folha que viro, o vulto acompanha com os olhos.
Levanto então a cabeça e percebo nêle um olhar de satisfação e prenúncio de alegria.
Pego, então, uma folha de rascunho, corto em quatro, faço bolinhas de papel e finjo atirar uma delas em sua direção. Êle enseja um movimento e estaca, como que dizendo:
- Vamos logo com isso!
Então atiro a primeira bolinha e êle, ou melhor, ela, minha gata Branquinha dispara em direção à bolinha, segura-a com as patas dianteiras e começa a travar uma batalha no chão da sala. Atiro então a segunda e as demais e ela, nessas alturas, parece atacada por uma agitação incontrolável. Pula, pára, rola pelo chão, joga as bolinhas e depois de alguns minutos, exausta, deita-se no chão e olha para mim como a dizer:
-Por hoje chega, amanhã brincamos de novo.
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