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domingo, 3 de agosto de 2014
"Artes" culinárias
Quando eu era criança morava numa chácara na minha cidade no Sul de Minas onde haviam várias árvores frutíferas, animais e as roças onde cultivávamos milho, feijão, café,mandioca,etc.
Eu e meus primos morávamos em casas próximas e o centro de tudo era a casa de minha avó paterna onde nos reuníamos para planejar ou executar nossas "artes".
Minha avó gostava de fazer macarrão em casa, mas toda vez que resolvia fazê-lo, tinha que combinar com as filhas e noras para levar a criançada para bem longe pois se tivéssemos chance comeríamos tudo, mesmo cru, ou estragaríamos toda a massa brincando de fazer macarrão com formatos engraçados.
Uma vez, quando minha mãe e tias se ausentaram, ficamos na casa de minha avó. No primeiro descuido dela resolvemos fazer polenta. Minha prima Maria José se encarregou do fogão, aqueles de lenha, e providenciamos os ingredientes. Durante o processo Maria José se descuidou na hora de mexer a panela, derrubou tudo no fogão, se queimou toda e levamos todos a maior reprimenda.
De outra feita achamos um pé de jatobá com frutos ainda verdes e resolvemos fazer uma aposta para ver quem comia mais jatobás. Eu ganhei, porém fui parar na farmácia (não havia hospital por ali) com uma dor de barriga horrível.
De vez em quando resolviamos tirar leite de uma vaca que tinhamos e brincávamos de fazer queijo. O resultado é que estragávamos todo o leite, não saía queijo nenhum e acabávamos brincando de fazer guerra de leite, jogando-o uns nos outros. O resultado eram sovas e castigos.
Às vezes nos mandavam ir á cidade "trocar farinha" (levávamos o milho à fábrica de farinha e o dono devolvia o correspondente em farinha) sempre com a recomendação de "não vão comer farinha no caminho". Inútil, aliás, pois sempre um dos primos roubava sal de sua cozinha e na volta parávamos embaixo de alguma árvore e comíamos com o sal parte da farinha.
Aos domingos costumávamos ir à cidade onde meu avô materno tinha uma sorveteria. Aquilo era uma festa para nós. Depois de nos regalarmos com os sorvetes, bastava um descuido de meu avô para começarmos as brincadeiras: era um tal de inventar sorvete de pinga, de carne e até de...pasmem!...urina, este para pregarmos peças nos outros primos. Bem, quando meu avô voltava e via tudo aquilo, imaginem.....
Como tínhamos uma parreira ali na chácara, também costumávamos brincar de fazer "vinhinho". Pegávamos a uva e a amassávamos numa caneca qualquer e depois bebíamos o suco fazendo de conta que era vinho. Às vezes conseguíamos entrar no galpão onde havia cartolas de vinho de verdade,que meu avô preparava, introduzíamos um canudo no orificio de respiro e tomávamos o vinho. Depois ficávamos alegres demais e meu avô já desconfiado nos denunciava aos nossos pais. Mais surras e castigos.
Um outro tio tinha uma venda (espécie de mercearia da época) e quando íamos até lá ficávamos à espera de um descuido dele para adentrarmos o depósito e beber licores e groselha. Ele acabava descobrindo mas nunca nos denunciava.Passava apenas um sermão falando sobre o perigo de virarmos "cachaceiros".
Nossas tias e tios por afinidade eram sempre mais condescentes com nossas artes. Os tios e tias de sangue não perdoavam. Eram bordoadas, reprimendas e castigos a cada arte.
Mas apesar de tudo são situações que nunca saem de nossas lembranças. Quando encontramos os primos, hoje alguns até avôs, sempre nos lembramos dessas situações e rimos bastante mas pensando o que as crianças de hoje perdem com diversões eletrônicas e virtuais. Muitos nem sabem o que é um estilingue, um bodoque ou uma peteca
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